PLUMA AO VENTO
20 E, assim,
trocaram a glória de Deus pelo simulacro de um novilho que come erva.
Livro dos Salmos,
cap. 106:20.
Bezerro de ouro
Conhecer,
É sempre dissolver
As névoas do
mistério
Que te levam a um
inferno
De total
ignorância.
Não saber
Que um dia vai morrer
É sempre se
socorrer
Na chama do
desengano.
“Nada há que me
domine e que me vença
Quando a minha alma mudamente acorda...
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa."
Quando a minha alma mudamente acorda...
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa."
João da Cruz e
Sousa (1861-1898), poeta brasileiro.
Mas morrer,
Sem ao menos saber
O que há do outro
lado
É permanecer aprisionado
À própria imagem.
Viver assim,
É ser qual uma
planta
Que não se deita
Não se levanta
E com nada se
encanta.
É ser qual uma flor de pano
Que nunca sai de um plano
De total involução.
“Todo suicida
presume
Que a morte é o fim
do amargor,
Sem saber que o
desespero
É porta para outra
dor.”
Casimiro Cunha (1880-1914), escritor
e poeta brasileiro.
Tem raízes pelas quais se
alimenta
E simplesmente se
contenta
Em vegetar.
Ignora por que
nasceu,
Por que vive, por
que sorri,
E por que veio
parar aqui
Num Orbe de
Expiação.
“A maior
sabedoria que existe é a de conhecer-se a si próprio.”
Galileu Galilei
(1564 - 1642), físico, matemático,
astrônomo e filósofo italiano.
É como uma pluma ao
vento
Que a todo momento
Solta as suas
plumagens.
Passar assim para o
Além,
É comparar-se a
alguém
Que passou pela
terra
Alimentando-se nela
O tempo todo,
Mas vegeta no lodo
De uma ignorância
crassa,
Pois olvida que do
outro lado
Há um belo lago
Que vidas renova
Dando a prova
Da Vida Permanente
Em que o Espírito
Onisciente
Continua a existir.
Não procurar se
conhecer
É o mesmo que se
esconder
Numa caverna sem
saída.
“ Vivi numa mansão
das sombras
Desterrado,
Na noite das trevas
densas
Sepultado.”
Casimiro Cunha (1880-1914), escritor
e poeta brasileiro.
É o mesmo que ser
Uma folha seca,
Ou uma ignorante besta
Sempre teleguiada.
É apenas querer
Um defunto
ambulante ser
Diante da majestosa
Natureza
Que renova a sua
beleza
Diante da visão
humana.
Ignorar quem É,
É permanecer de pé
Sobre uma Onda de
Ilusão
Que toca em vão
A areia da praia,
E de volta ao mar
Apenas se contentar
Com a incerteza.
Onda do mar
“Compra,
guarda, e junta livros
Mas estuda dia a dia
Mostrar a biblioteca
Não mostra sabedoria...”
Mas estuda dia a dia
Mostrar a biblioteca
Não mostra sabedoria...”
Casimiro Cunha (1880-1914), escritor
e poeta brasileiro.
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